segunda-feira, 10 de novembro de 2008
às vezes apenas um gesto
Perguntam-me coisas específicas sobre Manuel Guerra. Se é alto, se anda de gabardina, se tem o cabelo branco. Não tenho imagem concreta para oferecer, para apaziguar os mais curiosos. Pode ser tudo isso e mais. A única certeza é que é um homem marcado no rosto pelo silêncio que se impôs, que tem um olhar difícil de segurar, que tem nele uma maldade que está no corpo e que passa para o papel. É um escritor, qualquer escritor. Torna-se melhor quando decidi deixar de escrever. Limita-se a viver, a observar, a pequenos gestos diários, de rotina, de sobrevivência. E, às vezes, apenas num gesto pode estar outra ideia, um futuro qualquer, uma redenção.
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